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29 de janeiro de 2011

Como Rick Riordan crio a saga Percy Jackson e os olimpianos

   Para Rick Riordan, contar uma história a seu filho mais velho na hora de dormir foi apenas o
início de uma jornada ao mundo dos livros infantis.
Riordan, então professor, já era um autor premiado de romances policiais para adultos quando
seu filho Haley lhe pediu que contasse, na hora de ir para a cama, histórias sobre deuses e
heróis da mitologia grega. “Dei aulas de  mitologia grega por muitos anos no ensino
fundamental, então fiquei feliz em poder atender ao pedido dele”, explica o autor. “Quando eu
já não conhecia outros mitos, (Haley) ficou desapontado e perguntou se eu não poderia criar
alguns com os mesmos personagens.”
Haley tinha acabado de ser diagnosticado com dislexia e transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), e as narrativas de mitologia grega eram um dos poucos
assuntos que interessavam o menino, naquela época no terceiro ano do ensino fundamental.
Estimulado pelo pedido do filho, Riordan inventou rapidamente o personagem Percy Jackson e
lhe contou todas as aventuras dele “para recuperar, nos Estados Unidos dos dias de hoje, o
raio-mestre de Zeus”. Como conta seu criador, “levei três noites para contar toda a história, e,
quando terminei, Haley disse que eu deveria escrever um livro.”
Apesar de seus horários apertados, Riordan  conseguiu se organizar e obter algum tempo em
meio à rotina para escrever o primeiro livro da série Percy Jackson e os olimpianos, O ladrão de
raios. Em homenagem ao filho, deu a Percy características familiares.
“Fazer Percy com TDAH e disléxico foi minha maneira de honrar o potencial de todas as
crianças que conheço nessa situação. Não é ruim ser diferente. Às vezes, ser diferente é a
marca de ser muito, muito talentoso. E foi o que Percy descobriu sobre si mesmo em O ladrão
de raios.”
 *****
Nascido e criado em San Antonio, no Texas, Rick Riordan começou a escrever na juventude.
Escrevia contos, enviados para publicação sem sucesso, e editava o jornal da escola. Naquela
época, ele não levava a sério o trabalho de escritor – o que só aconteceu depois de se formar
na faculdade e começar a lecionar em São Francisco, na Califórnia.
Apesar do sucesso com os romances detetivescos para adultos, Riordan sempre pensou em
escrever para crianças: “No passado, quando eu dava aulas e escrevia histórias de mistério e
suspense para adultos, meus alunos costumavam me perguntar por que eu não escrevia para
crianças”, conta. “Eu nunca tinha uma boa resposta. Levou certo tempo para eu entender que
eles tinham razão. As crianças eram os leitores que eu melhor conhecia.”
Jovens leitores – além de resenhistas, livreiros, bibliotecários e educadores – concordam. O site
de resenhas Kirkus afirmou que O ladrão de raios é “uma narrativa de aventura de compasso
desenfreado que questiona as realidades de nosso mundo, da família, da amizade e da
lealdade”. A revista Publishers Weekly chamou o segundo livro da série, O Mar de Monstros, de
“uma sequência mais forte do que o impressionante livro de estreia”, com “humor, inteligência
e ritmo de quem entende do assunto”. Os cinco títulos receberam elogios e prêmios, e O ladrão
de raios foi transformado em filme.  Por mais claro que seja que o autor tem jeito para escrever para jovens leitores, ele admite que
a tarefa não é tão diferente de escrever para adultos.
“Acho que crianças querem o mesmo que adultos quando se trata de um livro: uma história de
ritmo rápido, personagens dignos de nossa consideração, humor, surpresas e mistério”, diz ele.
“Um bom livro leva você a sempre fazer perguntas e o mantém virando as páginas para
encontrar as respostas.”
Para poder se dedicar à escrita, recentemente e ainda “relutante”, Riordan tomou a decisão de
deixar as salas de aula, uma carreira que adorava. Mas mantém um pé na educação, ao fazer
apresentações em escolas por todos os Estados Unidos e mesmo pela Europa.
“Amo dar aulas. Amo trabalhar com crianças... talvez algum dia eu volte às salas de aula”,
conclui. “Não posso dizer que não voltarei, mas, por ora, os livros têm me deixado muito
ocupado.”

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