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5 de março de 2011

Diario meio-sangue-Capitulo 5

 Esqueceram de me dizer que meios-sangues não tem sonhos normais



Bem meu pesadelo começou assim. Parecia que eu estava de volta a caixa, pois estava tudo escuro, mas daí uma luz florescente acende, e eu estou novamente na sala de espelho.
Dessa vez eu não estava sozinha, uma garota loira de cabelos super cacheados e ela era branca como a neve, estava comigo nessa sala, ela parecia uma princesa, vestia roupas fofas, estava com cabelos perfeitos, com uma tiara em forma de flor, mas seu rosto me dava medo, estava com puro ódio, me olhava como se fosse me matar. Nesse momento, eu percebi que eu estava no corpo de uma garota de seis anos, estava vestida toda de preto, parecia que eu era do mal e ela era a mocinha da história. Eu também estava com puro ódio nos olhos. Ela avançava para mim com uma lentidão, como se quisesse prolongar minha morte, andava como se estivesse desfilando, e então parou na minha frente e disse:
- Ilana... você é uma maldição! Uma coisa que não deveria existir, EU deveria ser a criatura perfeita, sempre fui rica, talentosa, inteligente, bonita, mas escolheram uma mera criança, não sei o que viram em você, mas você já teve privilégios demais, foi mimada demais, quando quem deveria ser assim era EU! Eles podem ver algum potencial em você, mas eu não vejo nada que você pode fazer que eu não possa copiar... – ela ia falar mais, mas eu a interrompi.
- POR ISSO QUE VOCÊ NÃO É A MELHOR, PORQUE VOCÊ NÃO É ORIGINAL, VOCÊ APENAS ME COPIA! FICA USANDO SEU TALENTO EXTRA! – comecei a gritar.
- É... mas talvez, depois de você morrer, eu possa ser a queridinha, pois vou ser a melhor! Você ainda tem escolha, você ainda tem a filha dos titãs ai dentro, você luta para matá-la, mas é apenas uma criança com mente de adulto, mas seu corpo é de uma criancinha... Se você deixar a minha irmã se libertar, você não morrerá. – ela falou, e por um momento eu me sinto lutando contra mim mesma, como se estivesse duas garotas em um corpo só – Eu sei que você está ai, posso sentir, você poderá escondê-la, mas ela nunca morrerá, você só está adiando a luta contra você mesma, essa é a sua maldição, menina!
- É, essa pode até ser minha maldição, mas eu irei lutar contra mim mesma até eu vencer, até eu tiver força o suficiente para matar uma parte de mim sem me matar por completa! – respondi alto, confiante.
- Que pena que você não viverá tempo o suficiente para isso, Naninha... – ela falou o meu apelido com o maior desgosto de mundo, como se fosse um palavrão.
Ela investiu contra mim, mas não sei como, desviei, não tinha visto, mas a arma dela era invisível, só dava para ver onde ela segurava, que era rosa. Eu estava desarmada e sem saída, mas me sentia forte, fiz um gesto com a mão e fiquei invisível, mas essa garota olhava para mim como se me visse, e sempre ficava investindo, até que ela conseguiu me acertar... e fiquei sangrando e visível novamente, acho que a arma dela tinha veneno, pois meu sangue estava de três cores, vermelho, prata e dourado... o que isso significava? O desespero chegou aos meus olhos, e o olhar dessa garota mudou. Ela olhou diretamente em meus olhos e gargalhou, como se o meu desespero a divertisse...
A som da gargalhada foi diminuindo, e só escutei sons de gritos, e depois percebi que vinham de mim.
~*~
Acordei num salto, todos que eu conheci ontem estavam lá no quarto e me olhavam assustado. Até que um garoto todo de preto falou:
- Volte a dormir.
- Quem é você? – Perguntei
- Sou um filho de Morfeu. – Ele respondeu.
- De Mordeu? – perguntei
Apesar do clima está tenso, todos caíram na gargalhada, até esse garoto.
- Haha, eu sou um filho do deus dos sonhos.
- Ah – todos ainda estavam rindo, e eu estava super envergonhada por ter se passado por uma ignorante.
- Vamos pessoal, ela já está quase acordada, temos que sair, ou não terá efeito... – ele ia dizendo.
- O que? – perguntei, sempre parecia que eu era a única que não entendia o que estava acontecendo.
- Volte a dormir, ainda não chegou sua hora, você tem mais o que sonhar...
Ele falou, queria protestar que não queria ter mais pesadelos, mas antes que eu pudesse falar, ele tocou minha testa, e voltei ao meu inconsciente.
~*~
E esse meu sonho começou assim...
Eu estava em algum lugar, era uma floresta, e sabia que por trás dos matos que me cercava, existia uma praia. Eu sentia a brisa do mar, eu corria, corria, mas era como se eu não saísse do lugar, algo vinha em minha direção, era algo grande... mas eu não sabia o que era, só sabia que estava com medo e queria correr, eu sentia o vendo me puxando ao encontro dessa coisa, era isso! Eu corria, mas o vento me levava em direção a coisa, e como eu estava correndo e o vento era forte, eu não saia do lugar. Não sei por que eu fiz isso, mas parei de correr e deixei o vento me levar, era como voar, tudo passava em um borrão. Até que o vento parou e me deixou ajoelhada em frente a uma garota, era a mesma garota do outro sonho que eu tive e ela falava nesse:
- Ainda não desistiu? Já te dei provas o suficiente que você não tem como me vencer, eu controlo dois dos quatro elementos, sou quase invencível!
Eu olhava para ela, e apesar de está com medo, tentava pensar em uma estratégia, sabia que ela controlava o ar e a terra, e sabia que esse era o melhor lugar para ela lutar; ‘mas eu também controlo um elemento’, pensei, ‘e ela não sabe ainda, isso será a minha saída’. Sabia que quase não tinha chance, mas era melhor morrer lutando, do que morrer desistindo. Fiz o símbolo do fogo e soltei uma rajada de fogo nela.
Agora, eu estava em uma rua escura. Estava correndo de duas garotas, as duas eram ruivas de cabelos cortados como se tivesse sido cortados com uma navalha, elas eram musculosas, pareciam com a Clarisse, e foi com isso que lembrei que na reunião ela tinha falado que duas irmãs suas tinham sumido, deveria ser aquelas garotas. As duas começaram a praguejar, e lembrei que diferente dos outros filhos dos deuses, eles só tinham a força bruta, então não poderia participar de um combate corpo-a-corpo, tinha que manter uma certa distancia; então abri minha bolsa de equipamentos e peguei duas facas, não ia matar, só machucar as meninas, então mirei bem nas pernas das duas e joguei. As facas atingiram o meu alvo, mas diferente do que eu esperava, elas não pararam, elas eram fortes... Minhas facas já tinham acabado, não tinha saída, a não ser que eu as machuca-se um pouco... E foi o que eu fiz. Estava tentando lembrar da palavra certa, então lembrei, falei em grego antigo ‘veneno em suas veias’ e aonde eu tinha acertado a faca começou a aparecer as veias da garotas, e ficaram roxas, eu estava cansada, tinha usado muito poder nesse dia, e sabia que se eu ficasse acordada por muito mais tempo, desmaiaria e o feitiço acabaria e tudo estaria acabado. Esforcei-me mais um pouco e achei uma porta aberta, que foi onde eu entrei, me escondi e pude dormir.
Achei que tinha terminado a minha ‘viagem de sonhos’, mas ainda estava no início...
O outro sonho eu estava em uma casa, era linda, com jardim perfeito. Eu estava me olhando meu reflexo no lago, com meus amiguinhos, tinha uns seis anos nesse sonho. Do nada, senti vontade de olhar para trás, e lá estava ela, uma mulher que era a mais bela que eu já tinha visto. Tente imaginar a atriz mais bonita, a cor de olho mais bonito, o cabelo mais perfeito, as roupas mais belas, era assim que ela era. Nesse momento, senti vontade de abraçá-la, e acho que meus amigos também, pois todos corremos em direção a ela, mas os outros foram parando e ficando para trás... Ela abriu os braços, ela também queria me abraçar, nesse momento, me senti amada e abri os braços também, e um grande sorriso, que fez ela fazer o mesmo, mas do nada, eu não estava mais ali, tinha sumido tudo. Era como se eu tivesse dormido dentro do meu sonho.
Agora eu estava naquela caixa novamente, e esse sonho foi questão de segundos... só aparecia uma voz em minha cabeça dizendo: ‘como sempre... sempre correndo em direção a coisa mais perigosa...’
Esse foi o sonho que mais me assustou, não pelo fato de perigo, mas pelo fato de não entender nada, e perceber que esse sonho era o mais importante de todos... Começava assim... Bem, não começava, porque não tinha começo...
Era como se eu tivesse vendo uma foto, mas eu percebi que as pessoas que estavam na foto era meu pai e minha mãe, e uma garotinha que provavelmente seria minha irmã. Eles estavam sérios, do nada, eles fechavam os olhos, e quando abria, meu pai e minha mãe estavam com olhos pretos, mas era todo preto mesmo... Menos a menininha, e quando ela percebeu que o olho dela não tinha ficado igual ao dos meus pais ela começou a chorar, a mãe falou algo para ela, e ela parou de chorar...
Meu pai era igual a mim, branco como a neve, olhos pretos como breu. Já a minha mãe, era igual a mim também, mas ela tinha olhos puxados, era japonesa. A garotinha também era japonesa. O que faltava descobrir era... quem seria meu pai/mãe de sangue?
Eles olharam para mim e escutei um som em minha cabeça ‘os elementos da natureza mais nosso segredo faz-nos ser o que somos... Quase invencíveis e poderosos’. Então a imagem se apagou.
Fiquei um minuto sem sonhar nada, só com a frase ‘os elementos da natureza mais nosso segredo faz-nos ser o que somos... Quase invencíveis e poderosos’. O que isso significava?
Agora eu estava na sala de espelhos novamente, só que eu estava sangrado em três cores e no canto da parede, a garota olhava para mim com um sorriso maléfico e dizia:
- Tenho que descobrir seus truques e segredos... Eu entrando em sua mente saberei de tudo isso!
Apesar de eu estar super machucada e quase desmaiando eu conseguia ver como se fosse um vento vindo em direção a mim, e consegui colocar uma barreira em minha mente para ela não entrar e ver tudo o que sabia.
A garota se contraiu e começou a gritar e colocou a mão na cabeça e me disse:
- Se não é por bem é por mal! Como você ainda consegue fazer isso estando nesse estado que você está?
Eu rebati, e percebi que eu estava realmente mal, minha voz não passava de um sussurro:
- Você ainda não viu nada do que eu posso fazer, e você nunca verá.
Então entrei na mente dela que estava desprotegida, mas eu estava sem forças, não ia conseguir nada ali... Apenas consegui deixá-la inconsciente antes de eu mesma desmaiar. Então tudo apagou.
Fiquei mais uns dois minutos sem nada sonhar...
E assim fui... de sonho em sonho, e a cada sonho, descobria um novo poder que eu tinha... Eu já sabia que controlava o fogo, ficava invisível, era boa em pontaria, podia entrar na mente das pessoas, podia bloquear minha mente, tinha um segredo, era quase invencível, e era poderosa...
Eu podia sentir que eu estava quase acordando, pois minha freqüência de sonhos estava diminuindo, mas meu ultimo sonho foi assim:
Eu estava vestida como uma princesinha, devia ter uns seis anos... Estava no mesmo lindo jardim que tinha sonhado anteriormente. Estava com um vestido rosa com babados, e do nada um garoto sentou ao meu lado, ele era loiro, olhos como mel derretido, muito branco, com um sorriso perfeito, alto e musculoso, tinha uns dezessete anos... Ele antes de sentar ao meu lado, puxou um de meus cachos levemente, só para eu notar ele. Ele se sentou ao meu lado e abriu um grande sorriso. Eu me sentia triste, eu sabia o que is acontecer, eu ia deixá-lo...
Ele percebeu que eu não tinha retribuído o sorriso e ficou serio, eu olhava para ele tristemente, e ele agora retribuía esse olhar. Eu apenas falei:
- Tenho que sair daqui... E é agora.
Ele apenas falou:
- Tudo bem, Naninha, irei pegar minhas coisas... – ele ia falar mais, mas eu o interrompi.
- Oh... Eu tenho que ir só...
Ele olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Tudo bem, mas como saberei se você estará bem?
- Por isso te trouxe isso – então tirei do meu pescoço meu colar em forma de coração e parti-o ao meio – você já sabe para onde você vai, mas eu irei à sua frente, use sempre isso, se no caminho você encontrar a outra metade, é que algo me aconteceu, se você encontrá-lo, não pare, só pare até chegar ao acampamento. Entendeu? E se você achar isso, encaixe-os que você saberá o que acontecerá.
Ele pegou o colar e viu a letra que tinha escrito: Alfa, a primeira letra do nome dele, então ele disse:
- Então já vens pensando nisso à tempo... Eu deveria ser seu irmão mais velho, mas você que parece ser minha irmã mais velha. Eu recebendo ordens de uma garota de seis anos... – novamente o interrompi.
- ... Mas com a mente evoluída – e comecei a rir.
Ele me acompanhou, mas depois ficou serio novamente e disse:
- Então essa é a despedida... Prometo que irei encontrá-la novamente, sempre estarei ao seu lado, e só deixarei você me proteger essa vez, porque a luta é sua, mas depois, daria minha vida para proteger o que mais importa para mim... Você. – Então ele me abraçou, e percebi que ele estava chorando.
- Não chora! A magia que tem nesse colar é que se você achar as duas partes e usá-lo, você não envelhece. Então, até você me encontrar novamente, você não envelhecerá. Você será o que eu preciso... um amigo, um irmão, um conselheiro, um guarda-costas, um professor, um aluno, um subordinado e outras coisas, tudo depende de como estaremos quando nós nos encontrar novamente, e antes que eu me esqueça, quando você encontrar o Sask, entregue isso a ele – então coloquei um colar com o pingente da letra Omega na palma da mão dele – Ele irá precisar disso futuramente. Tenho que ir.
Então do nada desapareci. E assim acabou meu sonho, mas percebi uma coisa, o garoto com quem eu falara, não era ninguém menos que o... Lucky.

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